Nota DefesaNet – Para mais detalhes sobre o caça Rafale e as impressões de voo realizadas por Vianney Jr acesse a Cobertura Especial Rafale Link
Nelson Düring
Editor-Chefe DefesaNet
Benoit Dussaugey (60), VP Executivo Internacional da Dassault-Aviation e Presidente do Consórcio Rafale realiza um tour precursor, de 10 dias de intensas reuniões e negociações no país, à visita do Presidente François Hollande ao Brasil.
Neste período foram realizados encontros com autoridades do Ministério da Defesa, Comandante da FAB, e as Comissões de Relações Exteriores e Defesa da Câmara e Senado. E também os parceiros industriais, que assinaram os acordos de cooperação com o Consórcio Rafale.
DefesaNet foi a única midia especializada na coletiva realizada, segunda-feira (09 DEZ 13), onde o executivo Dussaugey encontrou-se com a imprensa em sua primeira visita ao país.
E o executivo da Dassault não furtou-se a responder a todas perguntas inclusive em assuntos polêmicos. Também na entrevista o Representante da Dassult-Aviation no Brasil Jean-Marc Merialdo.
Ao detalhar a oferta do Consórcio Rafale o VP Dussaugey, traz uma novidade importante.
A seguir os principais pontos abordados.
Qual o objetivo do Consórcio Rafale agora com a visita do Presidente Hollande?
A expectativa de reavivar a Parceria Estratégica entre os dois países e naturalmente será mencionada a questão do caça Rafale. O CEO da Dassault-Aviation Eric Trappier acompanhará a delegação do presidente François Hollande.
A base da oferta é o caça Rafale, um caça com capacidades operacionais já comprovadas a, alcance e capacidade de carga extraordinária e já testado em combate no Afeganistão, Líbia e Mali.
Um Rafale decolou da Base de Saint-Dizier e foi ao Mali, uma distância comparável a Porto Alegre e Porto Velho.
Proposta de entrega acelerada de Rafales à Força Aérea Brasileira.
Caso o Brasil aceite poderão ser entregues as primeiras aeronaves Rafale no padrão do Armée de l´Air. Isso aceleraria a entrada em operação na FAB. Posteriormente estas aeronaves seriam convertidas progressivamente ao padrão brasileiro.
A entrega prevista na oferta (Outubro 2009), das primeiras aeronaves, é de três anos e poderia ser reduzida para um ano.
Nota DefesaNet – Lembrar que há ainda o processo de negociação entre o Consórcio e a FAB e as devidas aprovações, o que pode levar até um ano. A instalação de linha de montagem no Brasil será a partir da sétima aeronave, com aumento gradativo de produção local de componentes até o 36º caça.
Poderia incluir também a cessão de Rafales do Armée de l´Air em regime temporário?
Com uma dose de fino humor Benoit Dussaugey afirma que não pode falar das aeronaves que são propriedade do Governo Francês. Como contribuinte francês, porém ele se considera um pouquinho proprietário dos Rafales, e por ele não haveria nenhum problema.
Após 4 anos a oferta apresentada, em Outubro 2009, atendendo ao RFP da FAB permanece válida ?
Teremos que discutir com a Força Aérea Brasileira. Nestes quatro anos avançamos muito com o Programa Rafale e novas capacidades forma incorporadas. Perguntar se há interesse em tê-las. Uma que menciono é a integração do míssil BVR Meteor.
Novas capacidades podem ser ofertadas ao Brasil. Os custos de desenvolvimento, incluindo os de software, já foram pagos pelo governo francês. Estes valores seriam muito pequenos ao governo brasileiro.
Hoje pela manhã estive conversando com o nosso parceiro, a EMBRAER, e disse que caso vençamos teríamos que rediscutir muitos itens. Tanto pelas mudanças que podem ter ocorrido na EMBRAER, como pela evolução do Projeto.
O MMRCA da Índia e a decisão?
O governo da Índia nos solicitou que o contrato seja assinado antes abril de 2014, data das eleições naquele país. A Índia quer 100 % de transferência de tecnologia e temos quase 1.000 contratos com as mais diferentes empresas em negociação. A Dassault-Aviation tem mais de 100 funcionários em tempo integral na Índia para atingir a meta das negociações.
É uma tarefa complexa pois a Índia que a transferência completa da tecnologia e temos de encontrar fornecedores indianos que atendam às especificações, custos e prazos.
Não é um risco para a Dassault-Aviation ?
No passado a Índia adquiriu a licença de produção da aeronave Jaguar. A intenção era de comprar diretamente 18 aeronaves e produzir localmente 40. Ocorreu que produziram mais 40 de forma totalmente autônoma. Como a linha de produção na França já tinha encerrado eles foram totalmente produzidos na Índia.
Qual a razão do Rafale não ser um sucesso de vendas como os Mirage III e 2000?
Trabalhamos muito em cima disso. O número de aviões de combate vendidos no mundo diminuiu muito. Ainda temos grandes esperanças e se o contrato da índia se confirmar manteremos a proporção do número de aeronaves exportadas.
A Linha de produção do Rafale permanecerá aberta ainda por muitos anos.
Acordos a serem assinados.
Será assinado, na visita do Presidente Hollande, um acordo de treinamento para técnicos aeronáuticos, que entre o SENAI e o Ministério da Educação da França. Isto atenderá a uma solicitação da EMBRAER. Esta escola será implementada em São José dos Campos (SP) e as empresas francesas, incluindo as participantes do Consórcio Rafale, fornecerão material e técnicos para esta escola.
Decepção com os acontecimentos de 2009?
Dussaugey enfrenta a pergunta com uma certeza: “A obrigação de um industrial é de ir além das decepções. Temos de estar presentes atualizando nossas propostas e falando com o potencial cliente.”